Estes meninos (e vários outros meninos e meninas que foram passando pela Brigada ao longo dos anos) comemoraram ontem, em concerto, os seus 30 anos. Já tinham idade para terem juízo. Mas ainda bem que não têm. Do fundo do coração, os meus parabéns e obrigado por tudo!
Vital Moreira defende o princípio do utilizador-pagador para as auto-estradas. E continua a defender mudanças na segurança social que permitam a sua viabilidade económica. Pois muito bem, é a sua opinião. Apenas gostaria de saber se, coerentemente, também defende o princípio do não-utilizador/não-pagador para a segurança social. Isto é: se a minha geração não vai ter reforma ou vai ter a reforma em condições muito mais penalizadoras, porque é que há-de continuar a descontar para garantir a viabilidade das reformas da geração do professor Vital Moreira? É que eu quero continuar a descontar para a segurança social. Mas, se não fosse pedir demais, também gostava de vir um dia a beneficiar dela...
A Associação de Pessoal do CERN convocou uma greve para hoje. É a primeira vez em dez anos. O que está em causa é a sustentabilidade do fundo de pensões e a alegada falta de empenho da direcção do CERN na resolução deste problema. Parece que os problemas relacionados com a (falta de) segurança social não estão apenas presentes na ciência portuguesa. O especialista está, naturalmente, solidário com o pessoal do CERN. Esta luta deveria ser de todos!
Não compreendo o que se passa em França. Não compreendo porque não vivo nos subúrbios degradados de uma grande cidade como Paris. Não compreendo porque, apesar de tudo, não sou tratado nas ruas e no parlamento como escumalha. Não compreendo porque, acima de tudo, tenho a esperança (talvez ingénua) de um futuro melhor. Mas apesar de não compreender, tento entender. E talvez fosse bom que não nos esquecessemos que, como disse Vital Moreira, quando Paris está a arder, convém lembrar que nem só ela é combustível. E que não são os habitantes dos subúrbios de Paris que mais têm a perder...
Estar no CERN num domingo não é, geralmente, o programa mais interessante que se pode arranjar. Mas desta vez o Outono resolveu ser simpático. Com um dia bonito e cheio de sol, tudo se torna mais fácil.
Por decisão do magnífico reitor, a magnífica abertura solene das aulas na Universidade de Coimbra foi cancelada. Parece que há alguns estudantes que estão descontentes com a política de ensino superior em portugal. Que acham que há pouco dinheiro para as universidades, vejam lá! Vai daí e decidiram fechar a porta da sua universidade. O reitor, aparentemente em concordância com o espírito da coisa, decidiu fechar a abertura solene. Os meus parabéns e um conselho: não se fique pela abertura solene. Feche tudo. E talvez com uma placa a dizer: reabrimos brevemente com nova política e nova gerência.
A respeito da condição do bolseiro e do seu estatuto, declarou o Sr. Ministro José Mariano Gago (24 de Maio de 2005 em audição da Comissão Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República): Bolseiros não são funcionários. (..) As regras internacionais nesta matéria são que o princípio de uma carreira científica (as académicas, não as industriais), não é a entrada como assistente, é a entrada como bolseiro, junto de um instituição de investigação em qualquer subsistema, público ou privado que exista, a submissão de uma tese, a sua aprovação ou não aprovação, e depois é um periodo de pós-doutoramento, que garanta a passagem desse estatuto inicial de estudante que fez uma primeira prova a um estatuto de autonomia responsável. Esse periodo não pode ser eterno, estamos inteiramente de acordo. O que está previsto na lei portuguesa é um máximo de 6 anos, em dois periodos de 3 [anos]. E considero que esse é o limite razoável. Ou seja, o Sr. Ministro considera que os bolseiros não são funcionários, mas que a entrada na carreira científica se faz sendo bolseiro. Sou só eu que vejo aqui uma contradição? Por outro lado, ficamos também a saber que o Sr. Ministro considera que as habilitações necessárias para se deixar de ser bolseiro consistem no doutoramento e seis anos de experiência pós-doutoramento. Falamos portanto de cerca de 10 anos em situação precária e das consequências que estes 10 anos têm para efeito de descontos para a Segurança Social. Já agora uma questão: que habilitações e experiência profissional tinha o Sr. Ministro quando ingressou na carreira académica com um contrato de trabalho? A acrescer a tudo isto, verifico que a bolsa correspondente ao presente mês ainda não me foi paga (o que costuma acontecer dia 1 de cada mês). Alguns colegas meus contactaram a FCT, tendo recebido como justificação dificuldades financeiras. Foi-lhe ainda dito que talvez esta semana a situação se resolvesse. Ainda que assim seja, quem se irá responsabilizar por este atraso e por todos os problemas que esta situação está a causar a pessoas (o Estado Português nega-nos o estatuto de profissionais) numa situação já demasiado precária? É desta forma que queremos investigação científica em Portugal? É assim que queremos atrair mais jovens para a ciência? Parafrasiando B. Brecht: Tantas histórias// Quantas perguntas.
Depois da requisição geral de serviços mínimos para impedir a greve dos professores aos exames, o governo proíbe agora os militares de se manifestarem. A seguir talvez seja a vez dos juízes, dos médicos, dos pilotos da TAP ou de qualquer outra classe de profissionais. Quando é que nos vamos indignar? Se calhar convinha que fosse enquanto ainda é permitido...
[Notem bem que não me refiro a questões legais. Perante a gravidade dos factos não discuto sequer se as medidas tomadas pelo governo são ou não legais. O que sei é que politicamente as considero ilegítimas.]
A maioria parlamentar prepara-se para aprovar dia 29 de Setembro na Assembleia da República uma Lei da Água que permite ao governo vender a água, os rios, as albufeiras, as praias e os portos de Portugal. Será que não chega o exemplo do gás, da electricidade, da rodoviária e de tantos outros monopólios privados? Mais informações na página da Associação Água Pública.
Estou na Austria numa Escola de Verão do CERN. Está a chover e estou rodeado de físicos por todo o lado. As notícias que me chegam de portugal não são melhores: está tudo a arder. Para não me deprimir, este post vai ser sobre a minha recente passagem por Barcelona onde, uma vez mais, tive o prazer de estar nas Festas de Gràcia.
Se tudo correr bem, por estes dias hei-de disponibilizar mais fotos. Sempre me vou animando...
Estou de volta dos Açores. Foram umas férias magníficas. Mais ainda ficou muito por fazer: hei-de voltar em breve! Logo que possível, hei-de disponibilizar as fotos na minha página (entretanto podem ver as do Nils aqui).
O exame foi ontem, em Sesimbra. Apesar da fraca (muito fraca, mesma!) visibilidade, foi uma experiência magnífica. Mais mergulhos seguem dentro de momentos. Açores temei, estou quase a chegar!
Tinham o rosto aberto a quem passava. Tinham lendas e mitos e frio no coração. Tinham jardins onde a lua passeava de mãos dadas com a água e um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente o milagre de cada dia escorrendo pelos telhados; e olhos de oiro onde ardiam os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos, e silêncio à roda dos seus passos. Mas a cada gesto que faziam um pássaro nascia dos seus dedos e deslumbrado penetrava nos espaços.
Após a insurreição de 17 de Junho O secretário da União dos Escritores Fez distribuir panfletos na Alameda Estaline Em que se lia que, por culpa sua, O povo perdeu a confiança do governo E só à custa de esforços redobrados Poderá recuperá-la. Mas não seria Mais simples para o governo Dissolver o povo E eleger outro?
Este fim de semana a esperança é francesa! Porque tenho esperança que o reinado dos bem-pensantes não seja absoluto. Porque não aceito que, em nome da inevitabilidade, os grandes democratas das decisões prontas a vestir me digam que não há outra hipótese. Porque defendo uma outra Europa. Porque a Europa deve ser dos povos. Porque desconfio dos unanimismos. Porque sou federalista e quero um governo federal eleito. Porque não aceito qualquer constituição que me seja imposta sem um processo constituinte verdadeiramente democrático. Porque só a verdade é revolucionária. Porque não aceito um governo federal que não responda perante um parlamento federal. Porque quero um sistema de duas câmaras. Porque não me resigno a que a liberdade caia num estrondoso aplauso. Porque quero um mundo melhor para o meu filho. Por tudo isto e por muito mais: pour moi, c'est non! (Espero que para os franceses também!)
acordai homens que dormis a embalar a dor dos silêncios vis vinde no clamor das almas viris arrancar a flor que dorme na raíz
Acordai acordai raios e tufões que dormis no ar e nas multidões vinde incendiar de astros e canções as pedras do mar o mundo e os corações
Acordai acendei de almas e de sóis este mar sem cais nem luz de faróis e acordai depois das lutas finais os nossos heróis que dormem nos covais Acordai!
Estou a precisar de férias. Quero fugir das rotinas e do cansaço. Mas no fim de julho, vingo-me: dê lá por onde der, vou para os Açores. Com a Mariana, o Pedro e o Nils. E com quem mais se quiser juntar.
Nestes dias não darei muitas notícias. Estou reduzido à minha condição de escravo. Quem não aguentar as saudades pode vir até ao CERN visitar-me. Quando não, segunda já estarei de volta.
Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui chantent Les rêves qui les hantent Au large d'Amsterdam Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui dorment Comme des oriflammes Le long des berges mornes Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui meurent Pleins de bière et de drames Aux premières lueurs Mais dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui naissent Dans la chaleur épaisse Des langueurs océanes
Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui mangent Sur des nappes trop blanches Des poissons ruisselants Ils vous montrent des dents A croquer la fortune A décroisser la lune A bouffer des haubans Et ça sent la morue Jusque dans le coeur des frites Que leurs grosses mains invitent A revenir en plus Puis se lèvent en riant Dans un bruit de tempête Referment leur braguette Et sortent en rotant
Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui dansent En se frottant la panse Sur la panse des femmes Et ils tournent et ils dansent Comme des soleils crachés Dans le son déchiré D'un accordéon rance Ils se tordent le cou Pour mieux s'entendre rire Jusqu'à ce que tout à coup L'accordéon expire Alors le geste grave Alors le regard fier Ils ramènent leur batave Jusqu'en pleine lumière
Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui boivent Et qui boivent et reboivent Et qui reboivent encore Ils boivent à la santé Des putains d'Amsterdam De Hambourg ou d'ailleurs Enfin ils boivent aux dames Qui leur donnent leur joli corps Qui leur donnent leur vertu Pour une pièce en or Et quand ils ont bien bu Se plantent le nez au ciel Se mouchent dans les étoiles Et ils pissent comme je pleure Sur les femmes infidèles Dans le port d'Amsterdam Dans le port d'Amsterdam.
A todos os meus amigos-irmãos, que nos últimos dias (e como sempre!) me ofereceram generosamente o carinho de um gesto, palavra ou simplesmente silêncio cúmplice, não agradeço. Porque não sei agradecer a amizade.
A low dose of radiation makes earthworms switch from asexual to sexual reproduction. Enchytraeus japonensis, a species of earthworm found in Japan, normally reproduce by breaking into six or more sections, each of which grows into a new worm. But when Yukihia Miyachi and colleagues from the International University of Health and Welfare in Otawara, Japan, exposed the worms to 4-5 micrograys of radiation per hour, about 15 times higher than natural background radiation levels, they stopped fragmenting. Instead, the researchers discovered that 85 per cent of the worms had produced eggs, some of which developed into juvenils, suggesting that the creatures had been having sex (Journal of Environmental Radioactivity, vol. 79, p. 1). The effect disappeared when the radiation level was increased to 30 micrograys per hour. Keith Baverstock, a radiation scientist from the University of Kuopio, Finland, says that these changes could be a "relic of evolutionary history". Radiation levels on Earth when worms evolved hundred of millions of years ago, were around 10 times higher than today. New Scientist, 5.2.2005, p.19. [Picked Up for You is compiled by H. Wachmuth at CERN]