Numa entrevista ao DN o reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, declara que o acesso a um bem público como é a educação a nível superior, deve ser mediado através daquilo a que tenho chamado uma taxa moderadora. Confesso que este tipo de opinião me surpreende. O que é que pretendemos moderar? É o acesso ao ensino superior? Lembro-me da discussão da saúde: o Estado providencia acesso ao Sistema Nacional de Saúde, mas impõe uma taxa moderadora. Saúde e educação sim, mas não abusemos!...
Mas as revelações de Seabra Santos não ficam por aqui. Ficamos a saber que o reitor que não descansou enquanto não conseguiu que o Senado Universitário fixasse as propinas em Coimbra no valor máximo permitido por lei, discorda, no entanto, do elevado valor a que [as propinas] chegaram. Curioso...
E ficamos também a saber outras coisas: considera o reitor que a percentagem dessa taxa devia ser de 10 por cento do valor do respectivo curso. Suponho eu que Medicina veria as suas propinas aumentadas, ao passo que os cursos de Letras teriam uma diminuição. Parece-me bem: os filhos dos ricos que vão para Médicos. Os outros... bem... podem sempre ir estudar sonetos...
Em relação ao estrangulamento financeiro das Universidades, não li uma única palavra. Bem como não vi nada referente à história do relacionamento do financiamento estatal com as propinas: de cada vez que as propinas foram aumentadas, o Estado financiou menos a Universidade. Resultado: os problemas financeiros da Universidade mantiveram-se e os alunos passaram a pagar mais.
Opiniões à parte, fiquei triste. Como é que a geração do 25 de Abril pode ter mudado tanto? Ou será que não mudou?...
quarta-feira, janeiro 18, 2006
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4 comentários:
A geracão 68 aqui tambem passou dos revolucionarios para os grandes filhos da p. E assim, a chama revolucionaria e passado para a proxima geracao... Infelizmente consitencia nao e uma das grandes fortes do homen.
E infelizmente a proxima geracao revolucionaria e incompetente. Pelo menos aqui.
Each generation imagines itself to be more inteligent than the one that went before it, and wiser than the one that comes after it.
George Orwell.
Eles não têm um problema... já andaram na universidade e, na altura, era de graça. Eu acho que não mudaram... devem ter sido sempre assim!
Os magnifícos reitores, aqueles que conheço, não têm grandes princípios a não ser "servir" mas ser ainda melhor servido.
Hei-de viver com uma magnifíca revolta nas nas mais profundas "entranhas" do ser,e, não é pouco o nojo que as palavras "reitor" e "Universidade " me provocam".
Por "experiência" própria, reportando-me ao tempo em que houve, embora por pouco tempo, após o 25 de Abril, mais igualdade de acesso ao ensino em Portugal, que já lá vai; reportando-me ao tempo em que as propinas nada representavam no orçamento/ contas do funcionamento de uma universidade, porque apenas "simbólico", o que tornava bastante transparente que o Estado paga muito bem às universidades e não faltava numerário para nada, chegando a ponto de as propinas representarem uma ninharia como um melhoramento , um alisamento do terreno do jardim para melhor estacionarem os pópós... chegando a haver dinheiro com facilidade, não para o estudo note-se bem: mas, para o estudo apenas como desculpa para se passear e pagar viagens de avião, hoteis... com a desculpa de "estudo"...a quem os magnifícos reitores bem entendessem...
Note-se: as universidades nunca foram mal retribuídas, agora, posso imaginar como está chorudo o bolso dos magnifícos reitores, cada vez mais, pena que não rebentem como no filme " pecados capitais" e não se transformem melhor vómito que são.
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